Dezenas de tibetanos, incluindo monges, mostravam um retrato do Dalai Lama em uma comunidade no sudoeste da China em um ato de desafio, dias após outros tibetanos terem ateado fogo a si próprios em protesto contra o domínio chinês.
A polícia do município de Seda disse, nesta terça-feira, que oficiais lidaram com a manifestação, mas se recusou a dizer se algum tibetano foi preso após o incidente na segunda-feira.
A China é sensível a protestos por tibetanos porque ameaça seu controle sobre a região ocidental e pode inspirar protestos em outras partes da China por pessoas com possíveis queixas contra o governo.
Ao menos 16 pessoas, entre monges, monjas e leigos budistas atearam-se fogo no ano passado - quatro este mês - principalmente na área tibetana tradicional da provincia de Sichuan. A maioria clamava por liberdade para o Tibete e pelo retorno de seu líder espiritual, o Dalai Lama, que se refugiou na Índia em meio a uma revolta fracassada contra a ocupação pela China em 1959.
A China tem difamado o Dalai Lama por mais de uma década, acusando-no de fazer campanha para separar a região do Himalaia do restante da China e tem tentado fazer com que monges o denunciem em programas de educação política realizados por instituições religiosas nas áreas tibetanas. O Dalai Lama diz que ele apenas busca autonomia para o Tibete.
Na segunda-feira, pouco menos de 100 tibetanos se reuniram mostrando um retrato do Dalai Lama, disse um oficial do escritório de segurança pública de Seda, na provincia de Sichuan, que forneceu apenas o sobrenome, Wang. "As festas de ano novo estão se aproximando e eles estão tentando chamar a atenção para criar um incidente", disse, se referindo a Ano Novo Chinês no final deste mes.
Wang disse que a policia tratou do incidente mas não quis dar mais detalhes.
Um oficial do governo de Seda disse que não houve protesto na segunda-feira.
Por medo de protestos por tibetanos, o Premier Wen Jiabao manteve sua viagem ao Nepal em segredo, disse o primeiro ministro nepalês. Wen chegou sábado à pequena nação nos Himalaias onde vivem milhares de refugiados tibetanos.
"A visita não foi anunciada, já que as atividades dos tibetanos têm se intensificado recentemente," disse Baburam Bhattarai na segunda-feira a um jornal em lingua inglesa. Os tibetanos no Nepal protestam regularmente contra as restrições chinesas à cultura e à religião tibetana. Em novembro, um homem vestindo roupa de monge budista tibetano ateou-se fogo na capital nepalesa, Katmandu, emulando as auto-imolações na China. A mais recente foi sábado em Sichuan.
Dicki Chhoyang, membro do governo tibetano no exílio em Dharamsala, Índia, disse que a China esperava por protestos devido "à forte presença de tibetanos no Nepal e pelo fato de que a China tem influenciado fortemente o Nepal quanto ao tratamento dos tibetanos dentro do Nepal". Ela disse que isso incluiu a restrição de atividades politicas tibetanas e a recusa de emissão de vistos para refugiados tibetanos.
Em resposta à questão de segunda-feira sobre porque a viagem de Wen ao Nepal não havia sido anunciada, o porta-voz do Ministro do Exterior Liu Weimin disse que "a viagem foi planejada em base ad hoc". Ele disse que isso demonstrava a importância que a China dá às relações China-Nepal.
Tradução livre de Jeanne Pilli do original:
http://www.washingtonpost.com/world/asia-pacific/police-respond-as-dozens-of-tibetans-gather-holding-picture-of-dalai-lama-in-southwest-china/2012/01/17/gIQAhKFm4P_story.html