quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Policia responde a dezenas de Tibetanos que reuniram-se mostrando um retrato do Dalai Lama no sudoeste da China

Dezenas de tibetanos, incluindo monges, mostravam um retrato do Dalai Lama em uma comunidade no sudoeste da China em um ato de desafio, dias após outros tibetanos terem ateado fogo a si próprios em protesto contra o domínio chinês.

A polícia do município de Seda disse, nesta terça-feira, que oficiais lidaram com a manifestação, mas se recusou a dizer se algum tibetano foi preso após o incidente na segunda-feira.

A China é sensível a protestos por tibetanos porque ameaça seu controle sobre a região ocidental e pode inspirar protestos em outras partes da China por pessoas com possíveis queixas contra o governo.

Ao menos 16 pessoas, entre monges, monjas e leigos budistas atearam-se fogo no ano passado - quatro este mês - principalmente na área tibetana tradicional da provincia de Sichuan. A maioria clamava por liberdade para o Tibete e pelo retorno de seu líder espiritual, o Dalai Lama, que se refugiou na Índia em meio a uma revolta fracassada contra a ocupação pela China em 1959.

A China tem difamado o Dalai Lama por mais de uma década, acusando-no de fazer campanha para separar a região do Himalaia do restante da China e tem tentado fazer com que monges o denunciem em programas de educação política realizados por instituições religiosas nas áreas tibetanas. O Dalai Lama diz que ele apenas busca autonomia para o Tibete.

Na segunda-feira, pouco menos de 100 tibetanos se reuniram mostrando um retrato do Dalai Lama, disse um oficial do escritório de segurança pública de Seda, na provincia de Sichuan, que forneceu apenas o sobrenome, Wang. "As festas de ano novo estão se aproximando e eles estão tentando chamar a atenção para criar um incidente", disse, se referindo a Ano Novo Chinês no final deste mes.

Wang disse que a policia tratou do incidente mas não quis dar mais detalhes.

Um oficial do governo de Seda disse que não houve protesto na segunda-feira.

Por medo de protestos por tibetanos, o Premier Wen Jiabao manteve sua viagem ao Nepal em segredo, disse o primeiro ministro nepalês. Wen chegou sábado à pequena nação nos Himalaias onde vivem milhares de refugiados tibetanos.

"A visita não foi anunciada, já que as atividades dos tibetanos têm se intensificado recentemente," disse Baburam Bhattarai  na segunda-feira a um jornal em lingua inglesa. Os tibetanos no Nepal protestam regularmente contra as restrições chinesas à cultura e à religião tibetana. Em novembro, um homem vestindo roupa de monge budista tibetano ateou-se fogo na capital nepalesa, Katmandu, emulando as auto-imolações na China. A mais recente foi sábado em Sichuan.

Dicki Chhoyang, membro do governo tibetano no exílio em Dharamsala, Índia, disse que a China esperava por protestos devido "à forte presença de tibetanos no Nepal e pelo fato de que a China tem influenciado fortemente o Nepal quanto ao tratamento dos tibetanos dentro do Nepal".  Ela disse que isso incluiu a restrição de atividades politicas tibetanas e a recusa de emissão de vistos para refugiados tibetanos.

Em resposta à questão de segunda-feira sobre porque a viagem de Wen ao Nepal não havia sido anunciada, o porta-voz do Ministro do Exterior  Liu Weimin disse que "a viagem foi planejada em base ad hoc". Ele disse que isso demonstrava a importância que a China dá às relações China-Nepal.


Tradução livre de Jeanne Pilli do original:
http://www.washingtonpost.com/world/asia-pacific/police-respond-as-dozens-of-tibetans-gather-holding-picture-of-dalai-lama-in-southwest-china/2012/01/17/gIQAhKFm4P_story.html

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sua Santidade o Dalai Lama aborda questões sociais e ambientais do Tibete

(Phayul photo/Norbu Wangyal)
Bodh Gaya, 04 de janeiro: Em um raro encontro com seu próprio povo, de além dos Himalaias, o líder espiritual tibetano Sua Santidade o Dalai Lama ofereceu  conselhos e sugestões para combater os muitos problemas sociais e ambientais que assolam o Tibete.

 Cerca de 8.000 tibetanos estão recebendo os ensinamentos de Kalachakra durante dez dias  em Bodh Gaya.

Em uma audiência especial, o Dalai Lama, que vive no exílio desde que ele foi forçado a fugir de seu país em 1959, exortou o seu povo a plantar árvores em torno de suas casas e mosteiros no Tibete.

"Antes de vir para o exílio, eu também não sabia muito sobre o meio ambiente, principalmente porque não tínhamos problemas ambientais naquela época no Tibete - podíamos beber água de qualquer lugar", disse o Dalai Lama.

"Mas aqui não é assim - temos de ser cuidadosos, temos que comprar água potável," Sua Santidade advertiu.

"Mais e mais pessoas estão hoje preocupadas e é importante cuidar do meio ambiente".

Referindo-se a política de Pequim de obrigar o reassentamento de nômades tibetanos em compostos murada, o líder espiritual tibetano afirmou que seria melhor se os nômades fossem autorizados a manter a sua habitação natural onde vivem há séculos e permanecer nos campos.

"Em vez de forçá-los ao reassentamento, seria mais útil a construção de hospitais e escolas para os nômades ao redor de suas terras", disse o Dalai Lama.

Um ex-vice-ministro chinês da Agricultura anunciou em 1998 que "fazia parte da política do governo chinês acabar com o modo de vida nômade de todos os pastores até o final do século". Desde então, milhões de tibetanos nômades foram movidos de seus prados ancestrais para colônias com pouco ou nenhum meio de geração de renda.

O Dalai Lama também apreciou as iniciativas tomadas por muitos mosteiros no Tibete aconselhando as pessoas a desistirem de comer carne, dizendo que era espiritualmente significativo e deveria ser adotado como um medida
social gradual.

Os 76 anos de idade, o líder tibetano apelou fortemente aos tibetanos alí reunidos para pararem de jogar e limitarem seu consumo de álcool.

"Eu ouvi dizer que os tibetanos no Tibete nos dias de hoje jogam muito. O jogo não é bom. Os próprios ensinamentos de Kalachakra proibem jogos de azar ", disse o Dalai Lama.

"Em vez de jogar e beber, o foco deveria ser a educação", o líder tibetano acrescentou, sublinhando que a educação tradicional e moderna são importantes para o desenvolvimento integral.

"Temos um carácter único e uma forma diferente de pensar e viver com base na tradição e nos ensinamentos
do Buddha Dharma de milhares de anos", disse o Dalai Lama.

"Então, pratiquem o Buda Dharma, e não construam tantas estátuas do Buddha".