Todd van der Heyden – Temos visto esta onda de auto-imolações ligadas ao Monastério de Kirti em Ngaba. Para nós que estamos a meio mundo de distância, explique-nos porque tudo isso está ocorrendo agora.
Dicki Chhoyang - O Tibete vem sendo submetido a forte repressão política, assimilação cultura, marginalização econômica e destruição ambiental imposta pela República Popular da China. Esses nove jovens que se auto-imolaram estão protestando contra a ocupação chinesa e as políticas repressivas que vêm sofrendo. Todos, durante o ato de auto-imolação clamavam por liberdade e pela volta do Dalai Lama.
Todd van der Heyden – Está ocorrendo algum tipo de limpeza étnica no Tibete neste momento?
Dicki Chhoyang - A cultura tibetana está definitivamente sob risco de desaparecer, e que não é um exagero. Cultura vive através das pessoas. Está ocorrendo um influxo massivo de chineses nas áreas tibetanas, a língua tibetana não está sendo ensinada de forma a sustentar-se, as pessoas não podem usar a língua tibetana para encontrar emprego – certamente a identidade cultural do povo tibetano está em risco.
Todd van der Heyden - Isso é uma estratégia do Governo Chinês, não está acontecendo acidentalmente?
Dicki Chhoyang - A questão tibetana não vai passar. As autoridades chinesas entendem que tudo vai acabar com a morte do Dalai Lama. Mas os episódios que temos visto desde 2008, incluindo os de auto-imolação, estão envolvendo jovens com cerca de 20 anos que não conheceram o Tibete antes da ocupação chinesa, e que estão tão descontentes com as políticas chinesas ao ponto de tomar atitudes tão drásticas! Então isso não vai passar. A questão tibetana tem que ser enfrentada. O governo chinês tem agora essa incrível oportunidade de resolver a questão, tendo alguém como o Dalai Lama com tamanha autoridade moral, e que pode ser um importante ponto de convergência, não apenas para os tibetanos, mas para toda a comunidade internacional.
Todd van der Heyden - Ngaba está sendo não apenas vítima de repressão política, mas também está occorrendo uma forte repressão da mídia nessa área.
Dicki Chhoyang - A razão para isso é que os protestos contra a ocupação de 2008, ocorrendo particularmente com mais intensidade nessa região, e pelo menos dez pessoas foram mortas a tiros durante essas manifestações. Todas as nove pessoas que auto-imolaram eram ligadas ao Monastério de Kirti, que neste momento está sitiado. Nesse local, as pessoas estão sendo impedidas de seguir seus estudos monásticos e muitas sentenças duras foram dadas sem justificativa.
Nós realmente esperamos que as autoridades chinesas possam estabelecer diálogos com os líderes locais, seculares e religiosos e possam chegar a uma solução pacífica, pondo fim às perdas humanas que estamos sofrendo neste momento.
A entrevista na íntegra está aqui:
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