quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Tendência" à Auto-Imolação em Monastério Tibetano rebelde

Muitos jovens estudam em mosteiros fora do Tibete
Um monge tibetano ateou fogo a seu próprio corpo, o quinto neste ano, em uma indicação aparente de uma escalada na tensão entre os tibetanos e o governo chinês.
Foi relatado que Kelsang Wangchuk, 17 anos, portava uma foto do Dalai Lama, enquanto se incendiava.
Este é o mais recente de uma série de incidentes neste ano no monastério Kirti, em Aba,  Ngaba em tibetano, na província de Sichuan.
Além de auto-imolação, tem havido confrontos entre moradores e forças de segurança, e uma disputa com um grupo de monges enviados para a reeducação, chamou a atenção
até mesmo das Nações Unidas.
A China reagiu reforçando a segurança no mosteiro, iniciando uma série de processos criminais e criticando o comportamento de alguns monges. Mas ainda parece estar lutando para afirmar a sua autoridade ao menos nesta área tibetana.


TENDÊNCIA PREOCUPANTE

As últimas notícias da auto-imolação vieram de grupos ativistas com contatos na área. O grupo norte-americano International Campaign for Tibet, disse que o monge se pôs em chamas na segunda-feira enquanto gritava slogans contra o governo chinês.
A Agência de Notícias Estatal da China Xinhua confirmou a ocorrência do incidente, dizendo que a polícia extinguiu imediatamente as chamas. O monge teve apenas queimaduras leves na perna, segundo a agência Xinhua.
Outro grupo, a organização Free Tibet, com sede em Londres, também relatou o incidente.
"Um número crescente de tibetanos sentem claramente que esta é a única maneira que eles dispõem para serem ouvidos", disse Stephanie Brigden, diretora do Free Tibet.
Este é o quinto caso de auto-imolação em áreas tibetanas do oeste da província de Sichuan neste ano, descrito pela Srta Bridgen como uma
tendência "preocupante e absolutamente sem precedentes".
Thubten Samphel, porta-voz do governo tibetano no exílio, disse que o budismo tibetano não aceita a violência contra outras pessoas ou a si mesmo.
"Seja qual for a razão para isso, é uma indicação muito forte e desesperada de que as pessoas de lá estão totalmente infelizes", disseem Dharamsala, base do governo na Índia.


NADA SABEM

Não é fácil, no entanto, entender o que está acontecendo no mosteiro Kirti, muito menos por que está acontecendo.
Kirti tem um mosteiro irmão em Dharamsala, e os dois grupos de monges se mantem em contato através de celulares.
"Parece que o mosteiro está sob vigilância policial militar pesada", disse Thubten Samphel, acrescentando que os relatórios tinham vindo desta rede informal entre os dois mosteiros.
Mas, como indicação de quão irregulares são estas conexões, disse que o governo no exílio soube sobre este último ato de auto-imolação através do noticiário internacional.
Telefonemas para o mosteiro e para a cidade ao redor resultou em poucas informações adicionais sobre o que está acontecendo na área.
Trabalhadores dos hotéis e de empresas disseram à BBC
na terça-feira que não sabiam nada sobre o monge que tinha ateado fogo a si mesmo. A pessoa que atendeu o telefone no mosteiro também não ajudou. "Eu não sei nada sobre isso", disse.
O governo chinês normalmente restringe visitas de jornalistas às áreas
tibetanas
sensíveis - algo que o governo dos EUA recentemente protestou - por isso é difícil de obter qualquer informação. E funcionários são quase sempre relutantes em falar abertamente sobre tais incidentes.
"A polícia está investigando os motivos do homem", foi o comentário lacônico no relatório de Xinhua sobre porquê este último monge sentiiu-se impelido à auto-imolação.


PROCESSOS

Mas o governo chinês não tem sido passivo e tentou conter o descontentamento que está sendo demonstrado no monastério Kirti.
Em agosto, três monges foram condenados a prisão por ajudarem outro monge a se matar através de auto-imolação em março.
E no início deste ano ordenou a "educação legal" de monges no mosteiro, um incidente, entre outros, que resultou em consultas do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Quiseram saber o que estava acontecendo no mosteiro Kirti e arredores.
O governo chinês deu, talvez, a mais completa de suas justificativas pelas ações no mosteiro, na sua resposta à ONU.
Acusou os monges de há muito tempo estarem sendo envolvidos em atos "destinados a perturbar a ordem social", incluindo casos de vandalismo e de auto-imolação.
"Alguns monges do mosteiro também têm frequentado locais de entretenimento, prostituição, álcool e jogo, e espalhado CDs pornográficos", disse o documento oficial de maio deste ano.
A China disse à ONU que obriga os monges a re-educação como um "exemplo" de como gerir os assuntos religiosos.
Muitos no monastério de Kirti parecem discordar dessa opinião. 



http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-pacific-15169007

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