quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pontos a serem estudados sobre a pesada repressão da China em áreas tibetanas

PEQUIM - O aumento da  tensões e protestos anti-China em regiões tibetanas inquietas de Sichuan, incluindo uma surpreendente onda de auto-imolações de monges, ocorreram na sequência de fortes aumentos no orçamento para segurança na área, indicando o conflito é em parte resultado da pesadas táticas empregadas pelas forças de segurança locais, segundo uma avaliação feita pela Human Rights Watch.

A região tibetana de Aba (Ngaba em tibetano), tem sido o centro das atenções recentemente, porque seis das sete auto-imolações por monges em Sichuan neste ano ocorreram nessa região, em torno do Mosteiro Kirti. Todos os monges atearam fogo a si próprios para protestar contra o que grupos de defesa dos tibetanos têm chamado de duras políticas chinesas.

O último episódio de auto-imolações ocorreu em 7 de outubro, quando dois adolescentes atearam fogo a seus corpos. Um deles, Choepel, 19 anos, veio a falecer, de acordo com um relato do incidente pelo , Free Tibet, Londres.

Os gastos com segurança relacionados com a atividade em Aba têm crescido desde 2002,  disse a Human Rights Watch em sua avaliação, divulgada na última terça-feira. Citando as estatísticas oficiais examinadas, o grupo disse que no período de 2002 a 2006, os gastos com segurança pública em Aba foi três vezes a média para as áreas não-tibetanas de Sichuan. Os investimentos subiram para 4,5 vezes em 2006. Em 2007, uma nova unidade "anti-terrorista" foi criada em Aba, e fez parte de uma campanha "mão pesada".

Distúrbios significativos não afligiam a área desde a primavera de 2008, quando muitos tibetanos em todo o planalto, inclusive em Lhasa, capital tibetana, foram às ruas para protestar contra o domínio chinês.

"Esses dados sugerem que o aumento nos gastos do governo em segurança tem contribuído para  técnicas de policiamento provocativas, tais como bloqueios a mosteiros e as detenções em massa de monges que têm repetidamente contribuído para a agitação o descontentamento local", disse a Human Rights Watch.

Em 12 de abril, cerca de 300 monges foram tirados de Kirti para a semana de "reeducação patriótica", disse a Human Rights Watch, e muitos não retornaram. Estima-se que cerca de 2.000 monges a menos vivem hoje em Kirti em relação ao número total em março.

A China assumiu o controle do Tibete em 1950 e considera o antigo reino uma parte inseparável do país. As autoridades chinesas forçaram o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama a fugir para o exílio em 1959 e não têm nenhuma tolerância com relação ao sentimento separatista tibetano no Tibete e em províncias vizinhas povoadas por tibetanos.

Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China respondeu à onda de auto-imolações, condenando o que chamou de "grupo do Dalai" por divulgá-las como uma forma de inspirar mais tibetanos a se matarem dessa maneira.
 

"Eles publicamente colocaram no ar, espalharam rumores e incitaram mais pessoas a seguirem o exemplo", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Weimin, a repórteres em uma entrevista coletiva diária, em Pequim. Ele também chamou as auto-imolações de parte de um complô separatista contra o domínio chinês no Tibete. 

Na quarta-feira, 5 de outubro, o parlamento e o gabinete do governo tibetano no exílio, com sede em Dharamsala, na Índia, divulgaram um comunicado expressando profunda preocupação com o que chamou de "a deterioração da situação no Tibete". A declaração diz: "Manifestamos a nossa solidariedade com todos aqueles que perderam suas vidas e com todos os outros tibetanos que estão encarcerados por sua coragem de se manifestarem pelos direitos do povo tibetano."

O novo primeiro-ministro, Lobsang Sangay, ex-pesquisador da Harvard Law School, recentemente assumiu o comando do governo exilado após ser eleito para seu posto. O Dalai Lama, 76 anos, disse que está cedendo todo o poder político ao governo.
 

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